Se fosse reclamar dessa mesma música chata tocando incessantemente no rádio, você não reconheceria em mim a paixão e o amor que agora se percebem em cada poro de minha pele. Dizer que as coisas não fazem sentindo são apenas reflexo desse sentimento a muito não experimentado. Ah sim, as coisas fazem sentido. Não para o cérebro (citando aquele velho clichê, você sabe, adoro clichês) mas para o coração.
E aqui estou eu distante daquela a quem quero bem, desejando que ela nunca deixe de me olhar daquele jeito. O olhar e o sorriso dela me alimentam. Escrever-te sobre a minha felicidade, porém, me pintaria apenas como uma esnobe. Não estou aqui para isso. Estou aqui para lhe apresentar estes fantasmas que já me assombraram, afinal, por que não deixar o passado aqui, nesta carta perdida no meio do tão grandioso mundo da internet.
Para ser sincera, foram muitos fantasmas mas poucos que me levaram e poucos que levei.
Meu primeiro, pouco foi, meu segundo, paixãozinha infantil, deliciosa, mas infantil.
O terceiro, e o quinto, equivalem em questão de importância, pois pouco foram também.
O quarto não é fantasma.
Nesse meio todo tinha ela a quem amei tão desesperadamente que o pouco que me restou jamais conseguiu se compor de verdade. Dei-lhe minha vida, dei-lhe meus dias, e saber que nada disso jamais foi o suficiente para que ela me amasse provocou um monstro em mim que nem sabia existir: o ego. Jamais deixaria alguém me humilhar de novo, dizia eu, dizia o ego. Estava enganada.
Depois dela veio outra, não chamaria de fantasma e sim de enfermeira. Queria tanto ter amado aquela enfermeira que gentilmente cuidava de partes em mim que eu nem imaginava estar quebrada. Não consegui.
Conheci ele, por fim. Amei-o de novo, desesperadamente. Achei que jamais teria outra pessoa em minha vida, experimentei a estabilidade. Não deveria. Dessa vez não fui quebrada, fui rasgada. Virei papel inútil e amassado por um ano. Por um ano julguei não ser capaz de amar ninguém novamente.
Então conheci ela, será que faz sentido parte dela ser fantasma? Comecei a ama-la assim, sem motivo nem vergonha. Com pressa, amei-a com pressa. Declarei-me e imaginei que aquilo que eu via dentro dela estaria perdido pra sempre. Tive raiva também, dentre tantos outros sentimentos, e quase cheguei a odiá-la por ter me feito provar daquele sentimento de novo.
Esse meu fantasma, deu-me a mão. Disse que não queria mais ser fantasma. Hoje não me imagino num mundo em que ela não esteja respirando. Nos amamos. E aqui dou-me a ela, desse jeito: pausada, errada, rasgada. Esperando permanecer sempre em seus braços.
Com carinho,
Bittersweet.