terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Beira

Há! Você não verá aqui aquilo que você ja não enxerga. Esta obviedade que tanto te cega não é nada mais nada menos do que você mesmo, por que será? Por que será que as paredes continuam frias e as cadeiras imóveis? Gostaria de saber porque você não recorre mais a mim num pesadelo, por que não me sussurra frases insanas... Não preciso mais de você para ficar na beiradas desta loucura: um passo e caio, um passo e fico. Se você ainda tinha dúvidas desta farsa, não leu shakespeare nem Édipo, nem nada que se enrede em um destino glorioso ou decadente. É, estes são os fantasmas dos quais eu quebrei. Em quantos pedaços? Jamais saberei. Em algum beco escuro [ou não] você estará a minha espreita talvez, ou adormecido como alguns. Ando sem temê-lo mas ao encontrá-lo é imediato. "Carece de ter coragem" e a maior das coragens é a da lembrança. Não importa quanto tempo eu fique neste ponto, ou nesta chuva fria, você jamais entenderia a minha espera ou o porque não levo um guarda-chuva, o medo não deveria ser da água, ela sempre vem a minha espera anunciando ou enunciando algo. Cale, não há nada a se dizer, nada é dito, nada será dito, e eu sei que este silêncio é a sua moradia, mas também sei que para mim ele figura como uma casa mal-assombrada de um filme de terror barato... o silêncio nada mais é do que uma farsa, não digo porém que as palavras sejam mais verdadeiras. Acabe esta travessia, desejo, tento levar, mas nada parece o suficiente para que você chegue na outra margem, talvez por ela ser ilusória e nefasta, talvez por ser pior ao seu conformismo, nunca saberei.

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