segunda-feira, 21 de julho de 2014

Pedaço infinito

Como se tudo fosse líquido quente transbordando. Seus sonhos e ilusões não lhe serviam mais para sobreviver, mas para aquecer o gelado de sua estrutura. Cabe dizer que as noites não eram mais tão frias, contidas nos passos-palavras de cada andar do outro. Chocava-lhe pela angúsita: o lençol ao chão, seu desalento. O travesseiro sem cheiro. Não existe o seu suspiro tranquilo de sono tadio. Não existe o seu olhar ao encontrar o meu no acordar. Existe o dia. Existe a noite. Existe a certeza inatural de mover-se por uma força pura que não pode ser parada.

Cai-se em mim esse infinito de borboletas suas. Sem fim.

sábado, 12 de julho de 2014

Vamos voltar pra casa?

"Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro. Sabes também que já não poderias voltar atrás, que estás inteiramente subjugado e as tuas palavras, sejam quais forem, não serão jamais sábias o suficiente para determinar que essa porta a ser aberta agora, logo após teres dito tudo, te conduza ao céu ou ao inferno" (Natureza Viva, Caio Fernando Abreu)

Meu céu,  meu inferno.

Meu amor  no acordar da manhã
e no olhar perdido da madrugada.
Minha mente assim esqueceu ser sã
escolheu sonhar descontralada.
Meu coração pertencente a teu inteiro
recolhendo-se por sua vez em pedaços
Minha pele em toque seu certeiro
vivendo de olhar esses seus traços.