segunda-feira, 21 de julho de 2014

Pedaço infinito

Como se tudo fosse líquido quente transbordando. Seus sonhos e ilusões não lhe serviam mais para sobreviver, mas para aquecer o gelado de sua estrutura. Cabe dizer que as noites não eram mais tão frias, contidas nos passos-palavras de cada andar do outro. Chocava-lhe pela angúsita: o lençol ao chão, seu desalento. O travesseiro sem cheiro. Não existe o seu suspiro tranquilo de sono tadio. Não existe o seu olhar ao encontrar o meu no acordar. Existe o dia. Existe a noite. Existe a certeza inatural de mover-se por uma força pura que não pode ser parada.

Cai-se em mim esse infinito de borboletas suas. Sem fim.