segunda-feira, 19 de abril de 2010

Naturalidade

É, havia marcado o encontro, não a via faz tanto tempo que mal se recordava de seus traços, mas sem duvida se lembrava do cabelo, ondulado e solto em que ela insistia em prender quando seu mau-humor aumentava. As coisas estava planejadas e o transito de São Paulo também estava no planejado, a cidade nada mais era do que um quadro cinzento pintado por um triste pinto que era obcecado pelas cidades sem-alma. A chuva começou a cair, ela sempre aparecia nesses dias intrigantes a seu coração, as vezes para acalmá-lo, as vezes para provocá-lo mas sempre mantinha uma conversa com ele que as vezes nem ela mesmo entendia. Estava de branco e agora, após o toque irritante de seu celular ouvia ela dizendo que seria impossível a chegada, que teriam que se encontrar no meio do caminho. Concordou. Olhou com dó para o guarda-chuva na bolsa, mas não dó o suficiente para usá-lo, suspirou e teve algum pensamento insano sobre objetos talvez terem sentimentos. Colocou-se a caminhar debaixo de sua companheira, se é que assim podia chamá-la. E desceu a rua, a imensa rua paulista, andou com sua meia ja ensopada, com sua regata granca de micangas transparente, e andou mais um pouco até chegar na avenida principal que cruzava essa rua. Olhou para todos os lados e seguiu o caminho a direita -uma hora o outro vai encontra-la- parou no farol enquanto os carros passavam e olhou o chão, e as gotinhas pingando rapidamente naquele asfalto preto, distraída. Quando os carros terminaram de passar ela olhou pra frente pra seguir seu caminho... e lá estava ela, igualmente enxarcada, com seus olhos gentis. Ah, chuva, naquele momento você foi esquecida. Tudo que importava era correr e abraçá-la e assim ela o fez, se abraçaram por muito tempo. Quando soltaram ela perguntou -Por que não tomamos uma café? E não pode deixar de sorrir com a naturalidade que ela lhe causava.

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