Apenas queria dizer que sua fita continua comigo, que as cartinhas estão guardadas em algum lugar que fiz questão de esquecer, e os sapatos continuam no mesmo chão que pisamos um dia.
Não caberia em mim esse mundo em que você sorri envergonhada, como se não devesse, e depois diz pra si mesma que as coisas não deveriam ser assim, que eu sou uma ilusão criada para acolher-te quando tiveres medo. As paredes continurão pixadas, as garrafas ficarão vazias, você ainda me girará até ficarmos tontas e no fim das contas não sairei dessas suas lembranças que você faz questão de guardar dobrada nove vezes num papelzinho de cetim qualquer.
Saber que no mundo você está vagando, assim como ela e muitas outras que a mim vêem, por motivos justos ou injustos - nunca saberei - é o suficiente para que essa paz me encontre e fique comigo até você voltar.
Sendo assim, esse teu possível doce-amargo futuro, dói em mim todo o dia, não pela tua sina, mas pela dor de não segurar sua mão quando você cair. Se meus fins justificam meus meios, você foi apenas um meio que me deu um fim e que agora quis apagar-se de tudo e de todos, mas se sua parte duvidosa vive em você, sua verdade então ficará guardada aqui comigo, num cantinho de meu ser em que ninguém nunca tocará, mas que quando quiseres poderá tê-la de volta. Entenda que essa sua parte apenas consegue viver em mim porque eu acredito nela, assim como um dia você acreditou enquanto olhava pra silhueta daquela árvore recortada no céu nublado.
Sempre pensei que todas as questões fossem suas, que as equações eram respondidas pelo seu raciocínio errôneo e, um dia então, percebi que não tratava-se disso, tratava-se apenas de escolhas nuas sobre minha cama. Escolhi colocar cada um num lugar em mim e assim eles coexistem como algo brilhante porém, efêmero.
Não, não estou dizendo que te amo, nem que odeio. Ja reparou que são sentimentos muitos certo para ideias tão incertas? Apenas que vivo em mim. Reapare, vivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário